O ex-presidente Lula (PT) bloqueou a agenda para encontros com grandes empresários.
Desde que ficou claro que o ex-presidente disputaria as eleições presidenciais, e com chance real de vitória, a fila de pedidos para um encontro com ele vem aumentando. Mas, com raras exceções, abertas a empresários conhecidos de longa data, Lula tem preferido adiar os encontros.
O petista tem, por outro lado, privilegiado a agenda com movimentos sociais. Apenas nesta semana, ele visitou um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Paraná, ao lado de João Pedro Stedile, e visitou condomínios do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto com Guilherme Boulos (PSOL).
De acordo com interlocutores do ex-presidente, ele vai, sim, conversar com a elite de negócios do país, em encontros mais amplos do que os que tem feito. Mas dentro de seu próprio tempo e de sua própria lógica, sem se submeter à agenda do mercado.
Segundo ainda eles, Lula tem dito que não se submeterá a uma sabatina sobre a eventual futura escolha de ministros da área econômica, por exemplo. E pretende também questionar os representantes do mercado, além de ser questionado —num diálogo de mão dupla.
O ex-presidente afirma ainda que não pretende apresentar uma nova Carta aos Brasileiros —documento que divulgou quando estava prestes a vencer pela primeira vez a eleição para presidente, em 2002. Nele, o petista se comprometia com bandeiras caras ao mercado, como o respeito a contratos.
Lula afirma agora que uma nova carta é totalmente desnecessária, já que governou o país por oito anos com responsabilidade fiscal e nada precisa provar.
Mônica Bergamo/Folhapress